sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Oscar 2012 - Críticas: O Artista

Apaixonante! Não há definição melhor para O Artista, um dos filmes que possui o maior número de indicações ao Oscar 2012 e é, sem dúvidas, um dos poucos ali que realmente merece essas várias indicações. Ao todo O Artista está indicado a dez prêmios, ficando atrás apenas de A Invenção de Hugo Cabret, que tem 11. Entre as indicações, O Artista arrebatou um lugar entre os principais prêmios (melhor filme, melhor ator, melhor diretor, melhor atriz coadjuvante e melhor roteiro original) e mais algumas indicações para as categorias técnicas, tudo muito mais que merecido, diga-se de passagem.

O Artista é, acima de tudo, um filme que busca homenagear a época do cinema mudo, um retorno aos clássicos e às suas estruturas. Acho que Hollywood vem bastante nostálgica ultimamente, vide que alguns dos melhores ou mais divertidos filmes de 2011 eram referências diretas a alguma época do cinema que causa saudade (Super 8 e Tintim estão ai para mostrar isso). O Artista se passa entre 1927 e 1932 e busca retratar muito bem o período. Essa era a época em que os estúdios dominavam o cinema, a conhecida Era dos Estúdios, que é visívil na produção já que, em certo momento, o nome dos principais estúdios surgem na tela e mostram que aqueles atores possuem ligações diretas com cada um. Não havia essa possibilidade que há hoje em dia de um ator ou diretor (ou até mesmo outros membros da equipe) trabalhar em vários estúdios ao mesmo tempo. Alem disso, o filme retrata a transição do cinema mudo para o falado e as dificuldades que o protagonista passa por causa disso. O protagonista é George Valentin (Jean Dujardin), um grande astro do cinema mudo que vê sua carreira ruir com o advento do som por se negar a fazer filmes do tipo. Ao mesmo tempo, Valentin vê uma fã sua, Peppy Miller (Bérénice Bejo), se tornar a maior estrela do cinema falado, sucesso alcançado com a ajuda do próprio astro.

O Artista foi dirigido maravilhosamente pelo desconhecido Michel Hazanavicius, que faz um trabalho impecável de reconstrução da época e de suas locações, assim como na direção do elenco. Ele criou um filme sensível, nostálgico e tocante que comove o espectador e o faz se apaixonar, assim como as grandes paixões do cinema daquela época. Outro destaque vai para o maravilhoso Jean Dujardin (indicado ao Oscar de melhor ator e minha torcida) que encarna Valentin completamente. Sua criação do personagem é impecável, tornando-o amável e carismático ao público, assim como trágico quando necessário para o desenvolvimento da história. A capacidade de Dujardin de atuar em cinema mudo é incrível, já que este deve ser um trabalho dificílimo para um ator do cinema falado. Ali não há espaço para as palavras expressarem seus sentimentos, tudo está ligado aos trejeitos e expressões, o que ele domina divinamente. E o que é aquela sequência no filme em que ele se vê em um mundo totalmente sonoro e ele é o único que não consegue se expressar? Uma magnífica e impecável forma de expressar como o personagem se sentia diante da evolução. Bérénice Bejo consegue o mesmo feito que Dujardin, indo além de uma simples atuação e tornando-se uma das estrelas do cinema da década de 30. Não há como não falar de Uggie, o cachorrinho que forma dupla com o personagem de Dujardin. Esse cachorro é um estrela e sua cumplicidade com o protagonista apenas os torna ainda mais amáveis.

O que falar da trilha sonora? Composta pelo também desconhecido Ludovic Bource, ela evoca o cinema mudo perfeitamente levando o espectador a entrar no clima de cinema dos anos 20/30. O Artista é uma co-produção França e Bélgica, feita na camaradagem praticamente, com uma equipe que já havia trabalhado junta em filmes menores e que se propôs a fazer uma homenagem ao cinema clássico, tarefa atingida com louvor. Assista, se delicie, se apaixone. Confira o trailer:



See ya!!!

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