Histórias Cruzadas é o maior exemplo de como o hype em torno de um filme mediano pode torná-lo muito maior do que ele realmente é e levá-lo a conseguir indicações em premiações nas quais ele passaria despercebido. O filme é uma adaptação de um livro chamado The Help, escrito por Kathryn Stockett, e foi a grande surpresa das bilheterias norte-americanas no segundo semestre do ano passado, permanecendo em primeiro lugar por três semanas e arrecadando quase 170 milhões de dólares apenas nos EUA. Junte a isso uma trama conduzida pretensiosamente e um grande elenco e temos o resultado: indicações para vários prêmios no Oscar este ano. Não me oporia às indicações de atuação, o trabalho do elenco é muito bem feito, mas jamais vou concordar com a indicação ao prêmio de melhor filme. Mesmo em um ano fraco para o cinema, o Oscar deste ano ignorou obras de qualidade muito superior como Drive e Melancolia em detrimento de obras fracas e pretensiosas como este filme e Cavalo de Guerra.
Emma Stone é Eugenia “Skeeter” Phelan, uma jovem recém formada em jornalismo que volta para a sua cidade natal em busca de trabalho e experiência para então poder viver seu sonho de ser jornalista em Nova York. Ao chegar lá ela se depara com a triste situação das empregadas negras das famílias ricas que são tratadas de forma cruel, em certos momentos como se nem fosse seres humanos. Diante desta situação Skeeter resolve escrever um livro com as histórias daquelas empregadas que passaram anos e anos trabalhando para estas famílias, criando seus filhos e limpando suas casas. No entanto, antes de escrever o livro, Skeeter precisa convencer estas mulheres a falarem, já que o medo da repreensão é maior que a vontade de se libertarem.
Ouvindo esta descrição você deve imaginar: "meu Deus, deve ser um daqueles dramas que me farão chorar o tempo todo". Bom, poderia ser, caso o diretor, Tate Taylor, que também é responsável pelo roteiro, não conduzisse o filme com esta pretensão desde o início. Sendo assim, Taylor constrói um filme engessado e maniqueísta que nos traz grande parte dos personagens sem humanidade, cada um é o que é e sem chances de mudança. Além disso, a classe desfavorecida é sempre boa, assim como a maldade está diretamente ligada ao branco. É triste também ver que o diretor não consegue criar uma sequência que seja que não recorra a velhos clichês, como a vergonhosa sequência em que Skeeter entra em uma sala cheia de empregadas e elas vão se levantando, uma a uma, e dizendo que a ajudarão.
Claro que Histórias Cruzadas não é um vexame completo e a responsável por salvar o filme de sua mediocridade completa é Viola Davis, indicada ao Oscar de melhor atrix, impecável como Aibileen Clark, a primeira das empregadas a resolver contar sua história. Seu controle de cena é de arrepiar. Octavia Spencer, indicada ao Oscar de melhor atriz coadjuvante também está bem, apesar de não chegar nem aos pés de Davis, assim como Jessica Chastain, também indicada ao prêmio de atriz coadjuvante, mas que merecia muito mais ter sido lembrada por seu papel em A Árvore da Vida. Já Bryce Dallas Howard, que faz a vilã Hilly Holbrook, está caricata e exagerada, quase uma vilã de novela das oito. Além das atuações, a parte técnica do filme está muito bem feita, como a fotografia, o figurino e a direção de arte, que faz uma belíssima recriação da época retratada. Veja o trailer:
See ya!!!
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