Se você era um dos que achava Pink Friday, álbum de estreia da Nicki Minaj, muito pop, se prepare porque Roman Reloaded, segundo álbum da rapper, é ainda mais. Quando Nicki anunciou que estava trabalhando no sucessor do seu primeiro álbum e que ele se chamaria Pink Friday: Roman Reloaded, todo mundo já se preparou para que este disco fosse um retorno da rapper ao hip-hop mais hardcore, afinal Roman Zolanski é o alter ego dela que tem as letras mais pesadas e a pegada mais urban. Os primeiros singles promocionais divulgados, Roman in Moscow (que acabou ficando de fora do álbum) e Stupid Hoe, indicavam que este realmente seria o caminho seguido por ela. No entanto, quando Starships, primeiro single oficial do álbum, foi lançado, percebemos que a Nicki pop não estaria ausente do novo trabalho.
Pink Friday: Roman Reloaded, com suas 22 faixas no total, pode ser dividido em duas partes. A primeira, da música número um até a nove, tem o hip-hop mais hardcore esperado desde o começo, com letras repletas de palavrões, insinuações sexuais e aquela batida bem ghetto. Já a segunda parte, da música dez até seu final, tirando uma ou duas faixas, segue a linha do single Starships com batidas voltadas para o elctropop e produções extremamente radiofônicas que devem fazer Nicki bombar muito nas pistas de dança do mundo todo e nas paradas. E isso é o legal de Nicki Minaj, ela consegue transitar entre os gêneros sem soar perdida e, para mim, fã das duas Nickis, tanto a rapper hardcore quanto a cantora pop, o álbum é um deleite do começo ao fim.
O começo hardcore do álbum já vem com o soco no estômago que é Roman Holiday, faixa que a rapper performou no Grammy deste ano. Uma das minhas favoritas neste novo trabalho de Nicki, Roman Holiday é a rapper fazendo aquilo que sabe melhor, disparar letras fortes com uma velocidade absurda sobre uma batida viciante enquanto intercala entre seus alter egos Roman Zolanski e sua mãe Martha. E o estilo segue com a segunda faixa do álbum, Come On a Cone, música que é uma espécia de continuação de Did It On 'em com letra repleta de palavrões e referências sexuais para que Nicki exalte suas conquistas como as vendas de mais de dois milhões do seu primeiro álbum e o single Super Bass ter atingido platina tripla, ou seja, boa demais. E como ouvir está música e não ficar repetindo "dick in yo face, put my dick in yo face" depois?
Roman Zolanski continua firme forte no album com I Am Your Leader, música que conta com a participação dos rappers Cam'ron e Rick Ross e mantém o momento de exaltação da rapper. Nicki canta como é poderosa e como é a líder dos outros, como o título bem indica, e se "you're not a believer, suck a big dick", como ela faz questão de enfatizar refrão. Beez In The Trap, que conta com a participação de 2 Chainz, e HOV Lane, quarta e quinta faixas do álbum, respectivamente, são mais dois exemplares da rapper se vangloriando enquanto se compara com as outras coitadas. Já o auge vem com Roman Reloaded, faixa que tem a participação de Lil Wayne e foi lançada como single para as rádios urban. Nela Nicki lista suas conquistas como o Super Bowl, sua própria Barbie, a apresentação no Grammy e os muitos contratos conquistados.
Champion, sétima música do Pink Friday: Roman Reloaded, é um passeio pelo passado de Nicki Minaj e seu árduo caminho até o sucesso. A música dá uma reduzida no ritmo do álbum que vinha acelerado até aqui com o veneno de Roman sendo destilado. Aqui temos um belo exemplar do hip-hop mais calmo com as participações especialíssimas de Nas, Drake e Young Jeezy que trazem o seu melhor. Ainda mostrando o lado mais sensível e romântico de Nicki (se é que podemos chamá-la de romântica), temos a colaboração com Chris Brown, Right By My Side. Nicki se declara para seu amado dizendo que não há vida sem ele a seu lado e se sai muito bem nesta faixa que tem uma pegada mais R&B. Além disso, os vocais de Chris Brown se encaixam muito bem ao estilo. Fechando a primeira parte do álbum, como eu citei no começo do texto, temos Sex In The Lounge, uma das músicas que menos gosto do álbum, até porque Nicki quase nem aparece na faixa. Só serve para aumentar a tracklist e dar uma força para Bobby V que toma conta de praticamente toda a música. Ah, ela tem a participação de Lil Wayne também, mas que pouco acrescenta.
A partir de agora temos a reviravolta que citei no começo. Com Starships, décima faixa do álbum, Pink Friday: Roman Reloaded passa de álbum de hip-hop e rap para um álbum pop, e um dos melhores, diga-se de passagem. O primeiro single oficial juntamente com as faixas seguintes, as incríveis Pound The Alarm, Whip It, Automatic e Beautiful Sinner, trazem a Nicki festeira para a frente do álbum com a rapper cantando sobre baladas, pegação e diversão. Além disso, amo ela fazendo suas rimas sobre a batida mais eletrônica, como ela faz tão bem em Starships, Pound The Alarm, Whip It e em partes de Beautiful Sinner. A sonoridade é aquela farofada que a gente tanto ama, aquele electropop que o RedOne, responsável pela produção da maioria das faixas desta parte do álbum, faz tão bem. Se você gosta de pop, não tem como não curtir esta parte do álbum. O que é o break de Automatic? E ver Alex da Kid, tão acostumado a fazer baladas R&B e hip-hop como Love The Way You Lie, produzindo um batidão como Beautiful Sinner? Coisa linda de se ouvir.
As batidas por minutos do álbum dão uma reduzida novamente para as belíssima Marilyn Monroe, produção de J. R. Rotem, também responsável pela linda Fly, parceria da rapper com Rihanna no primeiro álbum dela. A música traz uma Nicki mais vulnerável cantando sobre como ela se sente parecida com a Marilyn em alguns momentos e como ela a entende. A faixa seguinte continua com esse ritmo mais lento e sentimental. Young Forever é a primeira produção do hitmaker Dr. Luke no álbum e conta a história do término de um relacionamento e sobre como ela sempre a imagem dele em sua mente. Fire Burns, décima sétima faixa do álbum, é a Save Me 2.0, uma faixa bonitinha com Nicki soltando os cachorros no antigo amor.
Gun Shot começa o encerramento da versão standard do álbum levantando um pouco o astral com suas influências diretas do reggae e daquele clima tropical das ilhas de Trinidad e Tobago, onde a rapper nasceu. Para isso ela ainda conta com a ajuda do jamaicano Beenie Man. A última música desta versão é a já muito conhecida Stupid Hoe, faixa que serviu como single promocional para o álbum e que teve um clipe divulgado em janeiro. Stupid Hoe é Roman Zolanski puro, com a rapper disparando contra suas haters, em especial Lil Kim, com suas muitas referências e palavrões.
O álbum ainda contém três faixas bônus. A primeira dela é a já hit Turn Me On, música lançada em parceria com o David Guetta e que também consta no álbum do DJ. A outra é uma das minhas favoritas, Va Va Voom, segunda produção do Dr. Luke no álbum e que deveria ter sido o primeiro single do trabalho, sendo substituída por Starships. A música tem tudo para ser a Super Bass do Roman Reloaded: ela tem refrão grudento e ritmo contagiante que devem vender horrores. A terceira faixa bônus, e última do álbum, é Masquerade, mais uma produção de Dr. Luke que segue com sua pegada pop menos eletrônica e refrão grudento, ou seja, uma bela forma de se fechar o álbum.
No geral, Pink Friday: Roman Reloaded não é o que vinha sendo prometido, o que não quer dizer que ele é ruim. Ao invés de lançar um álbum só de hip-hop hardcore como o título indicava, Nicki conseguiu balancear e criar uma obra que agrada a todos os seus fãs. Pode não ser um trabalho ouvido do começo ao fim por todo, mas com certeza tem algo que vai lhe agradar. Eu já estou com ele inteiro no repeat aqui em casa e aconselho que você, goste de hip-hop ou de pop, dê uma chance. Confira abaixo o clipe de Stupid Hoe, único vídeo lançado até agora para este álbum, se não contarmos Turn Me On, que é do David Guetta na verdade:
See ya!!!
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