quinta-feira, 18 de março de 2010

Será que vai?

Li hoje no Omelete que À Prova de Morte, o filme que Quentin Tarantino dirigiu em 2007 como parte do projeto Grindhouse, que contava com o filme Planeta Terror, de Robert Rodriguez, será finalmente lançado aqui no Brasil. Segundo foi publicado, o filme, que tinha os direitos pertencentes à Europa Filmes, foi adiado e adiado tantas vezes por causa do retorno baixo de Planeta Terror, que estreou aqui no Brasil em 2007 mesmo.

Três anos depois, os direitos do filme de Tarantino expiraram e a PlayArte tratou logo de comprá-los e agendar sua estreia para 23 de julho desse ano. Agora a questão é: será que dessa vez vai?! Eu realmente torço para que aconteça. O filme, como toda a filmografia do diretor é incrível e merece ser visto pelo grande público. Algumas pessoas já devem ter visto já que o filme rodou alguns festivais pelo país, mas seu espaço no circuito comercial merece ser conquistado.

Eu já vi o filme duas vezes e vou postar aqui embaixo um pequeno texto que escrevi para o Londripost sobre o que achei. Vamos a ele:


Na última vez que vi, o filme foi exibido na Mostra de Cinema de Londrina. Para quem nunca ouviu falar, esse é um filme que Quentin Tarantino dirigiu em 2007 e que fazia parte do projeto Grindhouse, idealizado por ele e por Robert Rodriguez, parceiro de loucuras. O projeto consistia em uma homenagem ao cinema trash de terror dos anos 70, em que eram exibidos dois ou mais filmes em uma mesma sessão, as chamadas Grindhouses. À Prova de Morte foi concebido para ser exibido juntamente com o filme Planeta Terror, dirigido por Robert Rodriguez em uma sessão dupla. O projeto contava inclusive com trailers falsos que seriam exibidos entre um filme e outro, tornando a experiência o mais próxima possível do que acontecia nos anos 70. Tudo estava muito bem planejado até que o filme estreou nos cinemas norte-americanos e se tornou um grande fracasso COMERCIAL (não artístico) na carreira dos diretores. Pronto, os distribuidores já mudaram de ideia, e ficou decidido, os dois filmes seriam lançados separadamente no resto do mundo.


Planeta Terror não demorou muito para chegar aos cinemas brasileiros, estreando em novembro do mesmo ano por aqui. Já com À Prova de Morte a coisa foi bem diferente. O filme está inédito nos cinemas brasileiros até hoje, com exceção de exibições em mostras como aconteceu aqui em Londrina. É o histórico problema das distribuidoras brasileiras com Tarantino. Seus filmes sempre demoram mais que o comum para serem lançados por aqui. Depois dessa pequena contextualização, que mais está para desabafo de fã, vamos ao filme.


À Prova de Morte conta a história de um dublê, Stuntman Mike (Kurt Russell, realmente bom no papel), que usa seu carro para matar suas vítimas, grupos de mulheres que estão em carros também. Como sempre, ele mistura várias referências conhecidas e ainda nos entrega um produto inédito e realmente bom, algo que atualmente só ele consegue fazer. O filme é sim uma homenagem ao exploitation dos anos 70, com muito apelo sexual, violência e drogas, mas quem conhece as obras do diretor já sabe que está diante de um típico exemplar tarantinesco, desde os créditos iniciais, com as típicas fontes utilizadas, até a trilha sonora impecável, que pontua todas as cenas do filme.


Os diálogos são outro ponto forte do diretor. Não espere ver um filme do diretor em que a ação é priorizada. Antes de sermos acachapados por sequências incríveis de batidas de carro temos longas cenas em que ele destila suas referências e suas filosofias. Até a ideia de que um carro potente é uma maneira de compensar o tamanho do órgão sexual masculino é utilizada. O filme conta ainda com grandes interpretações do elenco feminino, que é em sua grande parte desconhecido do grande público. Seu nome mais conhecido é o de Rosario Dawson (M.I.B. 2, Sin City e Sete Vidas).


Outro ponto forte do filme é a sua jogada de câmera. Tarantino consegue desde os planos mais abertos até os mais fechados fazer grandes tomadas de câmera. Além disso, a fotografia do filme é incrível, feita pelo próprio diretor. As cenas de perseguição são filmadas de maneira realista e forte, deixando o espectador preso à cadeira. A primeira batida do filme, entre o carro do dublê e o das mulheres perseguidas por ele é visualmente incrível. Temos várias tomadas do choque, que são mostradas em câmera lenta fazendo com que o espectador tenha uma visão completa do acidente.


Voltando à ideia principal do filme, a de homenagear, temos um tratamento proposital para a imagem que a deixa com cara de velha, com riscos surgindo na tela e em vários momentos do filme as cenas são cortadas do nada, como se a montagem tivesse sido mal feita. Uma brincadeira feita na primeira versão do filme, que foi exibida apenas nos EUA, é que a cena da dança sensual feita por uma das personagens no começo do filme era cortada do nada e uma mensagem aparecia na tela: Rolo de filme faltando. Essa cena foi incluída novamente na projeção para os outros países. Tarantino usa À Prova de Morte também para citar o tempo todo o seu filme anterior, Kill Bill. Os xerifes que investigam o atentado à noiva no filme de 2003 estão presentes em uma cena, o carro dirigido pelas personagens da segunda parte do filme é da mesma cor da roupa usada por Uma Thurman, o toque de celular de uma das personagens é a música dos créditos iniciais de Kill Bill Vol. 1, a roupa de cheerleader usada por outra personagem tem a palavra Vipers, sigla que denominava o grupo de assassinos do filme, entre outras tantas referências.


É um filme que merece ser visto e revisto várias vezes, porque só assim você consegue pegar todas as referências do diretor, algo comum a todos os seus filmes. Resta-nos agora torcer pelo lançamento do filme. Caso não aconteça, sempre temos outros meios de conseguir chegar a ele (download, rsrs).

Vejam o trailer (esse trailer é o da versão norte americana, com os dois filmes juntos):

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