sexta-feira, 29 de junho de 2012

Crítica: Sombras da Noite

Frustrante. Esta é a palavra que melhor define Sombras da Noite, filme dirigido por Tim Burton que adapta a novela sessentista Dark Shadows. Para começar, um dos grandes problemas foi minha expectativa super alta em relação ao filme. Na minha cabeça o combo Tim Burton + Johnny Depp + vampiros não poderia dar errado. Ledo engano. Sombras da Noite surge como um filme que peca por não prestar atenção ao roteiro e ao desenvolvimento de seus personagens e só não é uma completa perda de tempo por possuir alguns momentos interessantes e, mais uma vez, o visual impecável das produções de Tim Burton.

Sombras da Noite acompanha Barnabas Collins (Johnny Depp), um homem que viu sua amada morrer e que foi amaldiçoado por uma bruxa, Angelique (Eva Green), a se tornar um vampiro e viver séculos preso em um caixão apenas com seu sofrimento. Quando ele é libertado nos anos 70, ele busca restaurar o prestígio que sua família um dia teve e luta para finalmente vencer Angelique, que ainda vive em busca de sua destruição.

O roteiro de Seth Grahame-Smith (do futuro Abraham Lincoln: Caçador de Vampiros) é o principal problema. Sua construção dos personagens e da história é superficial e torna difícil qualquer identificação por parte do público. Para começar, ele se preocupa demais em colocar diversos personagens na tela, mas não tem a mínima noção de como conduzir cada um deles ou de torná-los interessantes. Tirando Barnabas e Angelique, os outros são esquecidos durante diversos momentos do filme, ressurgindo tempos depois em algum reviravolta inexplicável e sem graça.

Além de tudo isso, Burton também não se preocupa em deixar o espectador pensar um pouco sobre sua história e exagera no didatismo, atingindo o auge na cena em que Barnabas descobre os planos da doutora vivida por Helena Boham Carter e, mesmo diante da obviedade do que está acontecendo, o personagem oferece uma explicação exata para o espectador. Desnecessário e irritante.

Sombras da Noite é também um desperdício de elenco. Mesmo com grandes nomes como Michelle Pfeiffer, Helena Bonham Carter, Chloë Grace Moretz, Jackie Earle Haley, Jonny Lee Miller, uma participação de Christopher Lee e os já citados Depp e Green, Burton não consegue utilizá-los a seu favor. Dentre estes nomes os destaques ficam por conta de uma Eva Green exagerada ao máximo e de uma Helena Bonham Carter contida, acredite se quiser. Já Michelle Pfeiffer não tem para onde crescer ou desenvolver sua personagem de tão mal escrita que foi. A sensação que temos com ela é que a qualquer momento ela vai se revelar algo que além do que ela aparenta, mas no fim das contas ela não passa de uma personagem vazia presa no limbo que é aquele roteiro.

E aí você pensa: "Johnny Depp sempre surpreende pelo menos". Sinto dizer, mas não. Aqui ele investe mais uma vez no exagero e no estranho, mas o que era inovador e divertido lá atrás quando ele estava começando, agora já não surpreende ninguém e fica com cara de repetição. Mas, como tudo na vida tem um lado bom, Sombras da Noite nos brinda mais uma vez com um design de produção impecável, típico das obras de Tim Burton, figurinos incríveis e uma trilha sonora deliciosa que até consegue deixar algumas cenas mais divertidas.

Por último, uma questão para a qual não consegui chegar a uma resposta: por que tantos closes das ondas batendo nas pedras durante todo o filme?


Confira o trailer abaixo:



See ya!!!

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