terça-feira, 4 de outubro de 2011

Drive

Quem leu minha crítica para o filme Amor a Toda Prova no Londripost (se não leu é só clicar aqui) e me conhece bem, sabe o quanto eu sou #TeamRyanGosling. Sou fã do ator desde que o vi pela primeira vez nas telas no filme Cálculo Mortal, aquele suspense que era uma tentativa de provar que Sandra Bullock podia fazer algo além de comédias românticas. Fiquei ainda mais fã quando ele fez o filme que se tornaria meu romance favorito, Diário de uma Paixão. Logo nesse começo ele já se provou um ator incrível e só ajuda o fato de ele ter escolhido bons projetos ao longo de sua carreira e mesmo não se rendendo ao cinemão, contracenado com gente do calibre de Anthony Hopkins, por exemplo, no excelente Um Crime de Mestre. Gosling ficou um tempo sumido do cinema, depois de Half Nelson de 2007 (excelente filme nunca lançado no Brasil pelo qual ele concorreu ao Oscar de melhor ator) ele só voltou aos cinemas no ano passado com o também incrível Blue Valentine (cujo título nacional é o péssimo Namorados Para Sempre), Ryan Gosling está mais e mais próximo do status de astro já que, além de muitos filmes com ele como protagonista estarem chegando aos cinemas, ele continua mantendo seu estilo e qualidade de trabalho. Uma prova disso é o filme Drive, obra pequena que ganhou a atenção do grande público pelo estilo diferente, a direção de Nicolas Winding Refn (premiada em Cannes) e a atuação de Gosling.

Drive conta a história de um dublê de Hollywood (Ryan Gosling) especializado em cenas de ação com carros. Ele é um excelente motorista e, quando não está fazendo cenas de ação em filmes, trabalha como motorista de fuga para criminosos. Metódico e com sua vida sobre controle, sempre, ele acaba conhecendo Irene (Carey Mulligan), sua vizinha, e seu filho Benício, e desenvolve um forte sentimento pelos dois. O problema é que Irene tem um marido ex-presidiário, Standard Gabriel (Oscar Isaac), e que está com uma dívida com os caras que o protegiam dentro da prisão. Para não ver Irene e Benicio machucados, o personagem de Gosling (cujo nome não é revelado) acaba se envolvendo em um assalto que resultaria no dinheiro para que Standard pagasse sua dívida, o problema é que as coisas não saem como o esperado e ele acaba se envolvendo ainda mais na situação, tendo inclusive sua cabeça colocada a prêmio

O filme de Nicolas Winding Refn é, principalmente, um show de estilo, mas que nunca esquece de seu conteúdo. Com uma direção que mescla gêneros, Refn consegue transformar o que poderia ser um simples filme de ação como qualquer outro já lançado em um show de tensão habilmente controlado. É visível a influência do noir, inclusive na construção dos personagens, além da forte presença dos anos oitenta na obra, que vai da excelente trilha sonora que evoca a época claramente, ao estilo de suas cenas de ação. É primorosa também a forma com que Refn capta as cenas com uma câmera quase estática durante toda a produção, procurando ângulos diferenciados e investindo em uma fotografia incrível, feita por Newton Thomas Sigel (responsável pela fotografia da maioria dos filmes de Bryan Singer, inclusive X-Men), que torna cada frame da produção um deleite visual e que poderia facilmente se tornar um quadro em sua parede. Refn também se sai extremamente bem criando cenas de uma tensão inimaginável, como na primeira cena do filme, em que o personagem de Gosling dirige para uma dupla que acaba de realizar um assalto em uma perseguição incrível, que preza pela inteligência e pela rapidez de raciocínio e que faz o espectador ficar grudado na cadeira sem saber o que vai acontecer depois. Tecnicamente também se destaca a edição de som e a mixagem que tornam cada som mínimo reconhecível e faz um belo trabalho nas cenas em que Gosling está com seu carro pelas ruas, equilibrando o som comum dos carros passando, do rádio ligado e do motor.

A atuação de Gosling é, sem dúvidas, o complemento final para atingir a qualidade atingida. Seu Driver* é forte e ao mesmo tempo sereno. Emoções e sentimentos não fazem parte de seu ser e sua tranquilidade é assustadora. Ainda assim ele imprime perigo ao personagem, só de olhar para ele você sabe que aquele ali não é um cara com o qual você quer se meter ou criar problemas, e que ainda assim é uma boa pessoa para quem consegue conquistá-lo. Gosling também está bem acompanhado com seus coadjuvantes, com destaque para Bryan Cranston como Shannon e Albert Brooks como Bernie Rose. Eu me admiro toda vez que vejo o excelente trabalho e carreira que Cranston construiu, visto que minha primeira impressão sua foi como o pai bobão na antiga série de TV Malcom In The Middle. Agora ele é simplesmente o protagonista de uma das melhores séries já feitas, Breaking Bad, e ainda consegue papéis de destaque e qualidade em bons filmes.

Drive surge para mim como um dos fortes concorrentes ao melhor filme do ano, na minha opinião claro, e que vai levar minha torcida nas suas possíveis indicações nas premiações de 2012. Por mim, os Oscar de direção, ator e ator coadjuvante já possuem donos, sendo modesto na número de premiações. O filme já estreou nos EUA, mas ainda não há uma data prevista para o Brasil. Confira o trailer de Drive abaixo:
 

See ya!!!

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